sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

03 de fevereiro de 2011

Eu me lembrei de uma coisa: não contei como me chamo e, mais importante que isso. Deixei de deixar claro também que isso não é um diário. Diário é coisa para adolescentes (ou crianscentes, como as da minha sala) escreverem sobre suas paixões bobas por meninos.
Eu nomeei isso como uma porta-histórias. É, porque existe porta-lápis, porta-chaves, porta-brincos, etc, então o lugar onde eu guardo minhas histórias deve ser o porta-histórias. E se não for eu invento e fica sendo. Aliás, não sei se tem algum adulto lendo isso, mas deixa eu deixar claro também. São histórias, com “h”, não estórias. É que hoje em dia é tudo a mesma coisa, mas diz o papai que antigamente historinhas de mentira eram chamadas de estórias. E como tudo aqui é verdade (de acordo com minha memória, claro) são histórias, não estórias.
E meu nome é Sofia Hughes Lewis. É, eu sei que tenho que explicar. Meu pai é inglês (daqueles que nascem na Inglaterra, não que falam essa língua apenas, apesar de também falarem) e Hughes é o sobrenome dele. A mamãe diz que seus sobrenomes são estranhos, então resolveu colocar como meu último nome o sobrenome do melhor escritor que já existiu na terra, o C.S. Lewis, ou Clive Staples Lewis, para os mais íntimos. Ele escreveu um bocado de livros para adultos, que dizem mamãe e papai são muito bons, mas eu não me importo já que, se der tudo certo, eu nunca vou ser adulta. Mas ele escreveu também livros para crianças, as Crônicas de Nárnia, que é o melhor livro para crianças já escrito no mundo inteiro (mas mamãe e papai também gostam muito dele). Se o C.S. Lewis fosse vivo ele seria um velhinho tão velhinho que não me escutaria quando eu conversasse com ele (em inglês britânico, igualzinho papai fala), mas eu iria querer conhecê-lo mesmo assim, e ia pedir para ele me sentar no colo dele e me contar as Crônicas de Nárnia (o que seria bem mais legal do que sentar no colo de um velhinho que nem é velhinho e usa roupas vermelhas com enchimento para que a gente acredite que ele traz os presentes de natal pra gente). Ah, e meu primeiro nome é Sofia porque mamãe adora esse nome, que quer dizer conhecimento. Deve ser por isso que sou tão esperta, como diz a tia Ana.
E já que falei dos meus pais eu tenho que contar minha teoria, que descobri junto com minha amiga Bruna.
Os pais eram pessoas legais (provavelmente algum dos dois tipos de adultos legais que eu falei ontem) até que alguns ETs os abduziram. Lá no planeta etezístico deles eles tiraram os cérebros dos nossos pais e colocaram um outro, muito parecido, mas totalmente diferente. Os pais não se lembram porque essa parte não foi colocada no novo cérebro deles. Daí nesse cérebro tem um chip, que controla os pais.
É por isso que todos os pais do mundo todo são iguais, mesmo morando em lugares diferentes. Eles são legais às vezes para que nenhuma criança, crianscente, adolescente ou até mesmo adulto (aqueles que ainda têm pais) desconfie de alguma coisa errada. Mas eles são pré-programados com algumas frases como “vá fazer a lição de casa”, “vá tomar banho” e “não encoste nisso”. Eles também têm algum tipo de dom, que quando dizem que alguma coisa ruim vai acontecer, se você não fizer o que eles mandam a coisa ruim sempre acontece. Por exemplo, está fazendo 40º lá fora e o céu está muito azul. Daí sua mãe fala: “leva a sombrinha”. Se você levar, vai continuar fazendo o mesmo calor de antes. Mas se você esquecer vai começar a chover como se o céu estivesse caindo todo em cima de você. Claro, mais coisas acontecem, mas eu não lembro de todas, porque nossa teoria foi montada com muito tempo, e não dá tempo de explicar tudo em uma só página (ou em um só dia, já que uso muitas páginas para falar de um dia), mas todas as vezes que eu disser “culpa dos ETs”, você irá entender e não ficará parecendo que o ET sou eu.
Bem, é isso, hoje foi um dia explicativo apenas e por isso fiz dois desenhos. Até mais.



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